ENTENDENDO COMO A DOPAMINA PODE SER UTIL PARA A OBTENÇÃO DE MAIOR ENGAJAMENTO E PRODUTIVIDADE DO TIME.

A Dopamina é um neurotransmissor que desempenha várias funções relevantes no cérebro e no corpo. Está associada ao controle de movimentos, aprendizado, emoções, humor, memória e cognição (Mandal, 2019). Dentre as várias vias dopaminérgicas que o cérebro possui, uma delas desempenha um papel importante no comportamento, motivação e recompensa.
 
A via mesolímbica, ou via de recompensa se inicia na área tegmental ventral do mesencéfalo. A liberação de Dopamina nessa via regula o incentivo, a motivação e o desejo, facilita o aprendizado e reforça a busca por recompensa. 

Neste sentido, a questão que aqui se levanta é relativa a que recursos os líderes poderiam utilizar para proporcionar uma satisfatória ativação do sistema de recompensa direcionada para a motivação no trabalho. A busca pela motivação das equipes, pelos gestores tradicionais, ainda é muito à base da tentativa e erro, utilizando de conceitos distantes e muito subjetivos. 

Contribuiria para os líderes, o conhecimento de que a liberação de dopamina gera sensação de recompensa e esse estímulo pode ser sustentável e direcionado a determinado propósito? E se houver mecanismos simples de ativação dessa sensação de recompensa?

Uma das formas muito utilizadas de liberação de Dopamina, de forma sustentável, nas empresas, é dividir uma meta de longo prazo em várias metas de curto prazo, pois, a cada submeta alcançada, gera-se uma sensação de bem-estar, em razão da ação do sistema dopaminérgico. Desta forma, não se espera tanto tempo para o colaborador sentir essa dose de recompensa e motivação.
 
Outra vantagem, segundo alguns estudos mostram, é que atividades que envolvem cooperação também ativam as vias de recompensa. Nesse caso, isso serviria como um fortalecimento do hábito de trabalho em equipe, pois essa satisfação seria renovada em razão da sistemática de recompensa dopaminérgica.
 
Por outro lado, haveria uma consequência negativa em não utilizar os processos cerebrais de recompensa de forma direcionada? Ou o simples fato de haver liberação de dopamina, por si só, já caracteriza uma resposta positiva de recompensa? Nesse caso precisamos avaliar as influências da tecnologia, mais especificamente dos aplicativos de redes sociais em nossas vidas.
 
Nesse sentido, a síndrome TGIF, abreviatura do inglês Thanks God it’s Friday, merece uma sensível atenção dos líderes. Devem ser trazidos para argumentação os motivos pelos quais os membros do time sentem sofrimento em ainda não ter chegado a sexta-feira. Por que razão o trabalho estaria causando sofrimento e quais recursos poderiam ser utilizados pelas lideranças, no intuito de fazer da dopamina uma aliada do trabalho?
 
Um dos grandes desencadeadores de dopamina atualmente, os smartphones são protagonistas em polêmicas envolvendo a proibição, em algumas empresas, da sua utilização durante o horário de trabalho. Uma das características na utilização de redes sociais, por meio do aparelho celular, é a sensível alteração na percepção do tempo.
 
Com o isolamento social, em razão da pandemia de COVID-19, tornou-se mais acentuado o tempo gasto em imersões nas redes sociais. Por 24 horas, sete dias por semana, pode-se ter acesso a novidades acontecendo na vida de outras pessoas, além de cenas irreais que inspiram, muitas vezes, infelicidade, em razão do quão distante é a felicidade postada da realidade do seguidor que, naquele instante, está, ao mesmo tempo, recebendo satisfação dopaminérgica e fomentando um processo de frustração.



DOPAMINA E TECNOLOGIA

Atualmente, há uma síndrome desenvolvida em razão da Dopamina e das redes sociais, que é o Fear Of Missing Out, cuja sigla é FOMO e a tradução é algo como “medo de ficar por fora”. Trata-se de uma sensação muito desagradável, por não estar atualizado acerca das informações das redes sociais, tendências, filmes, séries, música, etc. 

Pessoas nessa condição tem uma necessidade de estarem sempre atualizadas nas redes sociais e, para isso, se utilizam, inclusive, de momentos como refeição e ao dirigir. Pessoas com FOMO também utilizam o expediente de trabalho para imersões em redes sociais, na busca por atualizações.
 
Esse fato constitui um dos grandes desafios para as lideranças, pois, profissionais com essa síndrome, geralmente, não possuem boa gestão do tempo, em razão das necessidades de satisfazer essa suposta ausência de atualização de informações. Investe-se muito tempo, cuja percepção do seu transcurso resta prejudicada em razão da manutenção do efeito dopaminérgico.
 
Isso faz com que as pessoas estejam sempre com a necessidade de se manterem conectadas, independentemente de onde estiverem e em que momento seja, ocasionando sofrimento quando estão desconectadas. Pesquisadores britânicos criaram o termo nomofobia, para designar a síndrome que aflige as pessoas que não conseguem ficar sem o telefone celular.
 
Questão muito relevante se refere a de quais meios os líderes poderão se utilizar para, dentro dos limites de suas competência e papéis, contribuir para a não conivência com essas imersões dentro do local de trabalho na modalidade presencial, bem como de que forma pode ser utilizado um outro processo concorrente, que possa, também, trazer um efeito das vias de recompensa, mas de forma que seja direcionada à produtividade.

Rômulo Frota (2022)